
Sinto um cheiro pálido assim que entro num taxi no aeroporto de Lisboa
Ao fim de 2 minutos de conversa percebo a falta de esperança, a revolta individual e colectiva a ser cozinhada em banho-maria, quase a entrar em ebulição e a explodir.
Não me assusta a revolução nem o acordar.
Não quero sangue mas incomoda-me a violência moral a que estamos sujeitos.
Incomoda-me a apatia e a resignação.
Parecemos envenenados e encarcerados por um monstro maçon côr-de-rosa, que suporta este poder arrogante e mal-formado.
Incomoda-me que a alternativa seja um partido dividido em "istas" - menezistas, santanistas, cavaquistas - e sem futuro.
De meninos que ora brincam aos insultos e fazem birra, ora são outra vez amigos de conveniência, cheios de vicios caros e telhados sujos de vidro.
Chorei a morte de Sá Carneiro quando tinha 10 anos, porque achei que era um homem bom.
Gritei pelo Freitas na Alameda, chorei com a frustração por não poder ainda votar e termos perdido.
Fui despedida do primeiro emprego por ter chegado feliz ao escritório, depois da vitoria de 1991.
Despedi-me da Kodak para fazer a campanha de 1995 porque íam ser umas presidenciais dificeis.
Nas Galinheiras, rasgaram-nos a roupa, os panfletos e humilharam-nos.
Vesti a camisola de coração laranja mas cansei-me.
O mundo mudou, eu cresci e hoje não sei se me incomoda mais ser governada por estes palhaços, se assistir à medíocridade deste partido, que não se lhes opõe e que me repugna profundamente.
Ninguém lhes diz que o mundo mudou, girou, evoluiu e que passaram 20 anos?!
Ninguém lhes disse que a Direita e a Esquerda já não fazem sentido?!
Que os programas não têm que ser para "tachos" de 4 anos mas para o futuro?
Que as camisas às riscas Façonnable, pullovers Labrador pelas costas, hoje são apanágio de novos ricos de formação moral duvidosa e que nem sequer sabem falar um português correcto e entendível.
Que estamos cansados daqueles nomes gastos e batidos que entretanto se acomodaram em lugares bastante confortáveis - são a cara dos anos 80 e já não fazem parte desta realidade.
Que não queremos esta geração medíocre de filhos de emigrantes - vindos de terras do interior que ninguém conhece mas que habilmente se permitiram infiltrar nesta teia de interesses, que tratam os outros por Sr. Doutor - como cabeças de lista nas autarquias e no parlamento, à espera de também se acomodarem.
É esta a medíocridade que se segue? São estes os meninos que vão preencher a bancada?
E a troco de quê? De que financiamentos e cunhas locais? Lugares nas listas a preços de feira.
Hoje somos ecologistas, preocupamo-nos com sustentabilidade e nem por isso somos comunistas.
Temos valores de melhor qualidade ética e moral, somos menos sociais e nem por isso somos conservadores.
Preferimos a verdade e empenharmo-nos num bem duro mas comum ,que promessas fáceis e falsas.
Sabemos que um lider é aquele em quem reconhecemos a dignidade e o respeito da autoridade.
Definitivamente contam as pessoas, a sua capacidade de fazer acontecer e não os partidos.
É inevitável reconhecer autoridade nos argumentos de Medina Carreira, todos aplaudimos quando salta a tampa à Nogueira Pinto porque lhes sentimos autenticidade e sentido de missão, que é isso que devia ser a nobreza do serviço publico.
Ahhh... para que se saiba, desfiliei-me
.
Li com muito cuidado e achei perfeito numa análise cuidada entre a revolta e o bom senso, entre o desanânimo e a dignidade - eu não faria melhor.
ResponderEliminarCresceste e finalmente és uma adulta perfeita que sabe o que quer, como quer e porque quer e eu estou ao teu lado... SEMPRE!
Sibelas