segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

As rosas cheiram mal mas as laranjas estão podres


O meu país está doente, cheio de olheiras e com mau hálito.
Sinto um cheiro pálido assim que entro num taxi no aeroporto de Lisboa
Ao fim de 2 minutos de conversa percebo a falta de esperança, a revolta individual e colectiva a ser cozinhada em banho-maria, quase a entrar em ebulição e a explodir.
Não me assusta a revolução nem o acordar.
Não quero sangue mas incomoda-me a violência moral a que estamos sujeitos.
Incomoda-me a apatia e a resignação.
Parecemos envenenados e encarcerados por um monstro maçon côr-de-rosa, que suporta este poder arrogante e mal-formado.
Incomoda-me que a alternativa seja um partido dividido em "istas" - menezistas, santanistas, cavaquistas - e sem futuro.
De meninos que ora brincam aos insultos e fazem birra, ora são outra vez amigos de conveniência, cheios de vicios caros e telhados sujos de vidro.

Chorei a morte de Sá Carneiro quando tinha 10 anos, porque achei que era um homem bom.
Gritei pelo Freitas na Alameda, chorei com a frustração por não poder ainda votar e termos perdido.
Fui despedida do primeiro emprego por ter chegado feliz ao escritório, depois da vitoria de 1991.
Despedi-me da Kodak para fazer a campanha de 1995 porque íam ser umas presidenciais dificeis.
Nas Galinheiras, rasgaram-nos a roupa, os panfletos e humilharam-nos.
Vesti a camisola de coração laranja mas cansei-me.
O mundo mudou, eu cresci e hoje não sei se me incomoda mais ser governada por estes palhaços, se assistir à medíocridade deste partido, que não se lhes opõe e que me repugna profundamente.
Ninguém lhes diz que o mundo mudou, girou, evoluiu e que passaram 20 anos?!
Ninguém lhes disse que a Direita e a Esquerda já não fazem sentido?!
Que os programas não têm que ser para "tachos" de 4 anos mas para o futuro?
Que as camisas às riscas Façonnable, pullovers Labrador pelas costas, hoje são apanágio de novos ricos de formação moral duvidosa e que nem sequer sabem falar um português correcto e entendível.
Que estamos cansados daqueles nomes gastos e batidos que entretanto se acomodaram em lugares bastante confortáveis - são a cara dos anos 80 e já não fazem parte desta realidade.
Que não queremos esta geração medíocre de filhos de emigrantes - vindos de terras do interior que ninguém conhece mas que habilmente se permitiram infiltrar nesta teia de interesses, que tratam os outros por Sr. Doutor - como cabeças de lista nas autarquias e no parlamento, à espera de também se acomodarem.
É esta a medíocridade que se segue? São estes os meninos que vão preencher a bancada?
E a troco de quê? De que financiamentos e cunhas locais? Lugares nas listas a preços de feira.

Hoje somos ecologistas, preocupamo-nos com sustentabilidade e nem por isso somos comunistas.
Temos valores de melhor qualidade ética e moral, somos menos sociais e nem por isso somos conservadores.
Preferimos a verdade e empenharmo-nos num bem duro mas comum ,que promessas fáceis e falsas.
Sabemos que um lider é aquele em quem reconhecemos a dignidade e o respeito da autoridade.
Definitivamente contam as pessoas, a sua capacidade de fazer acontecer e não os partidos.
É inevitável reconhecer autoridade nos argumentos de Medina Carreira, todos aplaudimos quando salta a tampa à Nogueira Pinto porque lhes sentimos autenticidade e sentido de missão, que é isso que devia ser a nobreza do serviço publico.

Ahhh... para que se saiba, desfiliei-me
.

Mário Crespo, no JN de hoje


O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada.
O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso.
O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si.

O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha.
O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos.
O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também.
O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem.
O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre.
E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada. Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.

O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.
Ou nós, ou o palhaço.
Mário Crespo, no JN de hoje

sábado, 12 de dezembro de 2009

Oração da Paciência


Deus
Dá-me a Coragem para mudar aquilo que eu posso mudar
Dá-me a Paciência para aceitar aquilo que eu não posso mudar
Dá-me a Sabedoria para distinguir uma coisa da outra

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Diários e Blogues

Aos 18 anos, perguntei-lhe se queria lêr os meus 2 diários.
Ele disse que sim.
Esperei uns dias, ansiosa.
Pensei que fosse gostar dos desenhos, das folhinhas cheirosas no meio de cada página, das flores coladas nos cantos, pensei que percebesse quanto era dificil ser a filha mais velha, que soubesse da minha dificil relação com a minha mãe, que as minhas angústias eram semelhentes às dele e que não estava sozinho.
Leu e disse que não entendia como eu o podia amar e odiar tanto ao mesmo tempo.
Ficou em silêncio durante uns dias e mais ele não disse.
...
Há umas semanas, durante o nosso almoço habitual, falei-lhe no meu Blog a propósito de qualquer coisa.
- "Tens um Blog? Dá-me o endereço"
- Não! não está lá nada escrito sobre ti.
E mais eu não disse
...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

?Deus? !Deus!


Por falar em fantasmas, também tenho alguns.
E também é a escrever sobre eles que se resolvem ou desaparecem, aos poucos, devagar.
Sempre tratei os meus gatos como se fossem meus filhos, por serem criaturas que dependiam em quase tudo de mim.
Infelizmente morreram quase todos atropelados à porta de casa.
E lembro-me de duvidar apenas uma vez, da minha fé em Deus.
Estava no meu quarto, ouvi um carro a travar bruscamente, tapei os ouvidos com força e rezei!
Pedi a Deus que não tivesse sido a minha gatinha preta, pedi a Deus que ela tivesse conseguido ser mais rápida que o carro, pedi a Deus que não tivesse acontecido aquilo que aconteceu.
E duvidei...
Anos mais tarde, fui atropelada em Belém
Como a minha gatinha preta
E não senti dor, não senti a pancada, não sofri
Simplesmente adormeci
E por acaso acordei, deitada na estrada
E percebi que os meus filhotes não sofreram nem sentiram dor ao morrer.
Deus tem destas coisas.
Diz as coisas de uma forma estranha.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Passagem de Ano

Este ano reservei o hotel para a passagem de ano, em Setembro.
Pois... em Santiago! e não, não há fogo de artificío nem nada de extraordinário nessa noite.
No ano passado, a viagem de natal, foi marcada com vários meses de antecedência, com regresso a Dublin a 30/12, para 2 pessoas pelo que não podia ser alterada depois apenas para uma.
Foi, de longe, a pior passagem de ano de que me lembro!
Ainda não me tinha habituado ao silêncio da casa.
Agarrei-me com todas as forças ao meu enorme orgulho magoado e à minha profunda raiva para empacotar literalmente metade da casa numa noite.
Como sempre, Deus foi generoso comigo e trouxe-me a minha querida amiga de Sintra, para me consolar numa choradeira pegada e acompanhar em milhares de brindes a tudo o que a vida tem de bom através de uma webcam.
Perdi a conta às passagens de ano que passámos juntas mas foram muitas.
E em todas brindámos, chorámos e rimos até não aguentarmos a dor de barriga de tanto rir.
Mas este ano vai ser diferente.
Escolhi a cidade que mais me toca a Alma sob o pretexto de assistir à abertura da Porta Santa na tarde de 31/12 e que marca o inicio do Ano Santo Jacobeo 2010.
Não, não há fogo de artificío nem se passa nada de extraordinário nessa noite.
Há apenas Santiago de Compostela.
Quem me conhece sabe que sou apaixonada pelo ar que se respira nesse sitio que para mim é mágico.
Poucos que me conhecem sabem que apenas senti o mesmo encantamento por Sintra (que me desencantou na minha 1ª vistita à Quinta da Regaleira) e por Lisboa.
Eu sei que só não estou lá todos os meses porque voos directos Dublin/Santiago só há durante o verão.
Trocaria todas as profissões e dinheiro do mundo para me dedicar apenas a Caminhar.
Acho que todos sabem que voltarei e caminharei sempre e enquanto tiver pernas para andar.
Sabem que tenho, entre outros, o enorme defeito de me esquecer depressa de tudo quanto aprendi em cada caminho e que por isso uso uma vieira para me recordar que carrego a dignidade e a alegria de ser Peregrina de Santiago.
Talvez alguns saibam que o significado do meu nome significa caminheira, peregrina.
Sabem que Amo Lisboa mas que mesmo assim trocaria a minha cidade por Santiago, só para sentir o prazer de vêr os peregrinos chegar.
Quase ninguém sabe que escolheria para morrer, a Praça do Obradoiro, sitio onde tenho sempre a sensação de Paz e missão cumprida.
Pouco me importa a verdade ou a religião.
Importa-me a energia que emana das pessoas que chegam dum Caminho sofrido, alquimico - estão diferentes, mais puras, genuinas, leais, simples, mais humanas, mais elas.
São pessoas que acreditam em milagres, que os fazem acontecer, que sabem que são capazes, que perderam o medo de morrer e adoram viver.
Importa-me a energia que emana das orações em idiomas de toda a parte do mundo na catedral - sem preconceitos nem desigualdades.
É com esta energia Boa que a Alma do mundo se cura e Deus carinhosamente sorri.
Acredito que há poucos sitios neste planeta onde se concentrem, num espaço fisico relativamente pequeno, tantas pessoas com tanto em comum entre si.
E é esta união que se transforma numa força com um poder imenso.
O poder de fazer acontecer e transformar o mundo num sitio melhor.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Dubliner - the Bright side


Eu, que até sou uma optimista :)... vou fazer aqui um pequeno exercicio de boa vontade e procurar o lado Feliz de Dublin.
Curiosamente, o que me atrai (entenda-se que estou aqui por obrigação e não por opção!!) é exactamente o lado Georgiano e Victoriano desta que foi uma colónia britânica e que os Irlandeses tanto tentam esquecer.
São:
As portas Georgianas de todas as cores
Os jardins e estufas de inverno
Os móveis lacados de branco e as lareiras de bronze
As rosas e porcelanas victorianas
Os folhos, as rendas, os laços, os veludos, as sedas, as pérolas
As fadas, os duendes e cogumelos nos jardins das casas
Os cisnes selvagens no Canal
O verde e a água por todos os lados
Os doces, os cupcakes, os suspiros, o chá, o chocolate quente
Os jardins onde nos deitamos na relva e se fazem piqueniques
As saias de caxemira num xadrês quente e variado
Os vestidos para cada hora do dia
A lingerie doce e burlesca
As crianças ruivas e sardentas
Os leões marinhos no seu habitat natural
As ostras, hmmmm as ostras, definetly
...
Assim, de repente, não me ocorre mais nada e já estou a sentir a chuva a bater na janela outra vez...

Dubliner - the Hard side



As conversas em Dublin, começam sempre e invariavelmente sobre "o tempo".
Na semana passada, falava com um taxista que me confessava ser altamente deprimente passar um ano inteiro na Irlanda e que por isso conhecia irlandeses capazes de dar um milhão de euros por um terreno na Quinta do Lago ou outro tanto por uma Villa no sul de Espanha.
Esta semana, conheci uma italiana no Tesco, que vive em Dublin há nove anos, casada com um irlandês, que me dizia que à medida que o tempo passa, torna-se cada vez mais dificil suportar viver aqui pelo que estavam a considerar mudarem-se para Milão.
Há quase dois anos que aqui cheguei e tenho de admitir que o primeiro ano foi bem mais fácil de passar que o segundo, apesar das minhas viagens mensais e vitais a Lisboa.
O tempo é de facto insuportável. Se no verão, chove quase todos os dias, no Inverno está tanto frio que as pessoas quase não saem de casa.
Esta Ilha tem quase sempre um manto espesso de nuvens cinzentas por cima das nossas cabeças.
Não imagino o que seja nascer e viver a vida toda numa ilha no norte do atlântico onde chove todos os dias.
Mas as pessoas tornam-se a face visivel do desequilibrio.
Acordam, raramente tomam banho - o cheiro nauseabundo no autocarro pela manhã e os cabelos por pentear são prova disso - comem ovos mexidos com presunto e feijão antes de sair de casa, vão para o trabalho, almoçam uma sandes fria ou asas de frango acompanhadas de água com gelo ou cerveja, saem às cinco, enfiam-se num bar até às 20:00h, bebem mais cerveja, fumam ao frio, vão para casa, não jantam ou comem qualquer coisa frita com muito chilli, bem picante, são fanáticos por futebol, veêm um canal exclusivamente de venda de casas e terrenos em terras mediterrânicas e imagino que se deitem embriagados mas a sonhar com raios de sol.
Os mais jovens vestem-se das cores mais berrantes e fluorescentes, os adultos vestem-se invariavelmente de preto, elas carregam camadas sobrepostas de maquilhagem, usam pestanas e unhas postiças, compram desmedidamente qualquer coisa que os distraia por mais inutil que seja, a preços absurdos.
As pré-adolescentes enrolam pela cintura as saias axadrezadas do uniforme dos colégios e sobem-nas até ao limite do umbigo.
8000 desaparecidos por ano, 700 suicidios por ano, Dublin é a cidade da Europa com maior numero de assassinatos com armas de fogo, 25% dos homens são vitimas de violência doméstica e o aeroporto tem um movimento de 24 milhões/ano para uma população de 6 milhões de habitantes.
Felizmente e por enquanto, há os outros como eu - os Espanhois, Italianos, Franceses, Brasileiros, Chineses, Indianos, Nigerianos - que pelo menos damos côr a esta cidade, nas nossas roupas, com o nosso tom mais ou menos bronzeado, com os nossos sorrisos sóbrios e com calor no olhar.
Sim, o olhar! Talvez seja isso que mais me incomoda, o olhar azul, frio e distante desta gente do Norte.
Não lhes sinto a alma ou talvez prefira nem vê-la.
Estou em contagem decrescente! Tenho um ano (no máximo) para aproveitar o que esta Ilha tem de melhor e para continuar a resistir ao seu clima pesado sem me deixar ir abaixo.
É estranho mas sei que um dia vou sentir saudades.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Gosto de Ti"

Se eu estava assim
fiquei assim

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O ritmo da respiração é um companheiro constante para a vida