Lembrar cada Caminho de Santiago, reporta-me sempre para a necessidade de os relacionar entre si e com a primeira experiência do Caminho de Fátima.
Foi em 2002, 140 Km com saída de Lisboa, ou melhor… de Alverca porque na altura o receio era tanto que não tive a coragem de partir sozinha da Expo.
Esse foi o único Caminho feito com a sensação de carregar sentimentos de culpa, pagar pecados, com a Alma pesada, de fazer as pazes comigo e com o meu feitio de menina rainha e de acertar as contas com Deus.
Caminho sofrido, sentido, iniciático, reflectido na decisão de sair de Lisboa.
E porque o Universo nos retribui tudo quanto somos, o Camiño Português de Santiago em 2006 começou com uma alegria imensa, agradecer um reencontro, ao fim de 13 anos penosos, baseado essencialmente na humildade.
Do Caminho Português vai ficar sempre a lembrança de pequenos milagres, a certeza de que os nossos pensamentos são ouvidos, as nossas preces e desejos atendidos – ensinou-me que uma parte de nós é divina, que temos uma centelha de Deus a brilhar no fundo da alma, por mais que esteja coberta de desvirtudes humanas e que é o nosso elo eterno de ligação ao espiritual.
Vai ficar sempre a memória das pessoas com quem nos cruzamos, as suas histórias e lições de vida – recorda-me que o importante serão sempre as relações humanas.
Pessoas que entram, que saem, que ficam… cada uma delas com a sua missão e o seu recado.
O Caminho dá-nos sempre aquilo que queremos, por menos razoáveis que sejam os nossos desejos ou caprichos – ensinou-me que devemos estar vigilantes sobre as nossas vontades e ser cuidadosos no momento de desejar algo porque há toda a possibilidade do desejo se realizar.
Porque somos humanos, o caminho faz-nos sofrer, reclamar, chorar – como na vida, ensina-me a pedir ajuda, a tratar das feridas do corpo, das magoas do ego e a seguir em frente.
Pelo caminho encontramos pessoas que sofrem mais que nós – lembrei-me de reaprender a ajudar e escutar, a ser solidária e carinhosa, desta vez sem receios.
Foi em 2002, 140 Km com saída de Lisboa, ou melhor… de Alverca porque na altura o receio era tanto que não tive a coragem de partir sozinha da Expo.
Esse foi o único Caminho feito com a sensação de carregar sentimentos de culpa, pagar pecados, com a Alma pesada, de fazer as pazes comigo e com o meu feitio de menina rainha e de acertar as contas com Deus.
Caminho sofrido, sentido, iniciático, reflectido na decisão de sair de Lisboa.
E porque o Universo nos retribui tudo quanto somos, o Camiño Português de Santiago em 2006 começou com uma alegria imensa, agradecer um reencontro, ao fim de 13 anos penosos, baseado essencialmente na humildade.
Do Caminho Português vai ficar sempre a lembrança de pequenos milagres, a certeza de que os nossos pensamentos são ouvidos, as nossas preces e desejos atendidos – ensinou-me que uma parte de nós é divina, que temos uma centelha de Deus a brilhar no fundo da alma, por mais que esteja coberta de desvirtudes humanas e que é o nosso elo eterno de ligação ao espiritual.
Vai ficar sempre a memória das pessoas com quem nos cruzamos, as suas histórias e lições de vida – recorda-me que o importante serão sempre as relações humanas.
Pessoas que entram, que saem, que ficam… cada uma delas com a sua missão e o seu recado.
O Caminho dá-nos sempre aquilo que queremos, por menos razoáveis que sejam os nossos desejos ou caprichos – ensinou-me que devemos estar vigilantes sobre as nossas vontades e ser cuidadosos no momento de desejar algo porque há toda a possibilidade do desejo se realizar.
Porque somos humanos, o caminho faz-nos sofrer, reclamar, chorar – como na vida, ensina-me a pedir ajuda, a tratar das feridas do corpo, das magoas do ego e a seguir em frente.
Pelo caminho encontramos pessoas que sofrem mais que nós – lembrei-me de reaprender a ajudar e escutar, a ser solidária e carinhosa, desta vez sem receios.
E faz-nos rir!
O peregrino de Santiago é alegre, está vivo, corajoso de se desafiar a si próprio e ás suas limitações humanas, emocionais porque simplesmente esqueceu-se de sentir pena de si próprio.
Pelo caminho devíamos conseguir desligar do tempo, perder a vontade de chegar à meta diária, sem a preocupação de como iríamos dormir e simplesmente desfrutar cada nuance de verde, cada riacho, cada sombra, cada estrela… de maneira a sentirmos que afinal não somos mais senão uma pequena parte de toda aquela imensa natureza.
Aprendemos que é tão essencial quanto difícil descobrir-mos o que realmente queremos!
O Caminho português, como o meu primeiro caminho de Santiago, estará sempre presente como o início de uma enorme aventura espiritual sem fim, em que tive a sorte de sentir logo a sua magia, encantamento e regressei a casa com a certeza que ia voltar.
Voltar a Santiago mas sem querer banalizar o camiño de maneira nenhuma, voltar apenas quando tivesse um bom motivo que me ajudasse a caminhar nas jornadas mais penosas.
Na noite de 25 de Julho do ano seguinte em plena Andaluzia, olhei a estrela do Norte e senti uma tristeza indescritível por não estar em Santiago naquele momento.
Em 2008, na Irlanda, a vontade de fazer o caminho Inglês não passou disso mesmo… vontade, mas tive a sorte de assistir a uma largada de balões azuis e brancos em Dublin, no meu cigarro da tarde, na varanda do escritório… coincidências.
Em 2009 tinha o motivo! Porque a vida também é feita de ciclos, estava na altura de encerrar uma história com início no Camiño e de dar um salto quântico, enérgico e vital.
E porque cada partida, traz consigo sempre uma chegada, encontrei uma alma boa, companheira de caminhos, de cidade, sons, palavras, ideias, ideais, sensações, emoções extremas e intensas, com uma experiência de vida que me deslumbrou, com uma opinião proxima da minha acerca das religiões e da fé, sabedoria, alegria, franqueza, honestidade, fraquezas, desejos… com feitio de Rei!
Sem ele, provavelmente tinha feito o mesmo Caminho Francês de Santiago, mas de forma muito mais dura, sofredora, fragilizada, triste, pesada, desconfiada, insegura, a intenção não tinha sido seguramente a mesma e a transformação era mais uma vez adiada.
“Os Anjos vêm ter contigo e tu vais ao encontro deles”
È isso… um Anjo da Guarda, antes e durante este Caminho Francês.... (e depois...)
Pela primeira vez senti-me preparada, equipada, amparada, confiante e segura ao ponto de ter partido sozinha, disponível para o que o Camiño tinha para me oferecer.
Foi um caminho essencialmente solitário na companhia por opção e pela necessidade de me sentir, de me ouvir, de me ver crescer.
Há sempre as pessoas que se cruzam connosco e guardo cada uma das suas mensagens: do russo de 15 anos que se sentia mal num café sujo, do Gui com 79 anos sem prostata, da Tina que sonhava trazer um dia o namorado para partilhar com ele a beleza do camiño, da Angelica de 61 anos que sonhava encontrar um marido bom no Caminho, do Felix que ponderava o fim de um casamento e o futuro do filho, do Juan Luis orgulhoso de ser basco, dos chineses, japoneses e coreanos a inundar o Caminho Francês sem no entanto falarem uma palavra de inglês ou espanhol, da menina chinesa a desfrutar um momento de leitura a refrescar os pés num rio de agua fresca, de ti ao meu lado, no meu bolso, ao meu ouvido, sempre a acompanhar-me em cada rosa colorida, romantica, cheia de vida, simplesmente adorável.
Como sempre as lições – ajudar os outros é gratificante mas sem desrespeitar o nosso ritmo nem sobre-estimarmos as nossas capacidades: o medo atrai e quem procura acaba por encontrar – enfrentar uma cobra ao nosso lado quase que nos leva a perder o medo… quase!!
O peregrino de Santiago é alegre, está vivo, corajoso de se desafiar a si próprio e ás suas limitações humanas, emocionais porque simplesmente esqueceu-se de sentir pena de si próprio.
Pelo caminho devíamos conseguir desligar do tempo, perder a vontade de chegar à meta diária, sem a preocupação de como iríamos dormir e simplesmente desfrutar cada nuance de verde, cada riacho, cada sombra, cada estrela… de maneira a sentirmos que afinal não somos mais senão uma pequena parte de toda aquela imensa natureza.
Aprendemos que é tão essencial quanto difícil descobrir-mos o que realmente queremos!
O Caminho português, como o meu primeiro caminho de Santiago, estará sempre presente como o início de uma enorme aventura espiritual sem fim, em que tive a sorte de sentir logo a sua magia, encantamento e regressei a casa com a certeza que ia voltar.
Voltar a Santiago mas sem querer banalizar o camiño de maneira nenhuma, voltar apenas quando tivesse um bom motivo que me ajudasse a caminhar nas jornadas mais penosas.
Na noite de 25 de Julho do ano seguinte em plena Andaluzia, olhei a estrela do Norte e senti uma tristeza indescritível por não estar em Santiago naquele momento.
Em 2008, na Irlanda, a vontade de fazer o caminho Inglês não passou disso mesmo… vontade, mas tive a sorte de assistir a uma largada de balões azuis e brancos em Dublin, no meu cigarro da tarde, na varanda do escritório… coincidências.
Em 2009 tinha o motivo! Porque a vida também é feita de ciclos, estava na altura de encerrar uma história com início no Camiño e de dar um salto quântico, enérgico e vital.
E porque cada partida, traz consigo sempre uma chegada, encontrei uma alma boa, companheira de caminhos, de cidade, sons, palavras, ideias, ideais, sensações, emoções extremas e intensas, com uma experiência de vida que me deslumbrou, com uma opinião proxima da minha acerca das religiões e da fé, sabedoria, alegria, franqueza, honestidade, fraquezas, desejos… com feitio de Rei!
Sem ele, provavelmente tinha feito o mesmo Caminho Francês de Santiago, mas de forma muito mais dura, sofredora, fragilizada, triste, pesada, desconfiada, insegura, a intenção não tinha sido seguramente a mesma e a transformação era mais uma vez adiada.
“Os Anjos vêm ter contigo e tu vais ao encontro deles”
È isso… um Anjo da Guarda, antes e durante este Caminho Francês.... (e depois...)
Pela primeira vez senti-me preparada, equipada, amparada, confiante e segura ao ponto de ter partido sozinha, disponível para o que o Camiño tinha para me oferecer.
Foi um caminho essencialmente solitário na companhia por opção e pela necessidade de me sentir, de me ouvir, de me ver crescer.
Há sempre as pessoas que se cruzam connosco e guardo cada uma das suas mensagens: do russo de 15 anos que se sentia mal num café sujo, do Gui com 79 anos sem prostata, da Tina que sonhava trazer um dia o namorado para partilhar com ele a beleza do camiño, da Angelica de 61 anos que sonhava encontrar um marido bom no Caminho, do Felix que ponderava o fim de um casamento e o futuro do filho, do Juan Luis orgulhoso de ser basco, dos chineses, japoneses e coreanos a inundar o Caminho Francês sem no entanto falarem uma palavra de inglês ou espanhol, da menina chinesa a desfrutar um momento de leitura a refrescar os pés num rio de agua fresca, de ti ao meu lado, no meu bolso, ao meu ouvido, sempre a acompanhar-me em cada rosa colorida, romantica, cheia de vida, simplesmente adorável.
Como sempre as lições – ajudar os outros é gratificante mas sem desrespeitar o nosso ritmo nem sobre-estimarmos as nossas capacidades: o medo atrai e quem procura acaba por encontrar – enfrentar uma cobra ao nosso lado quase que nos leva a perder o medo… quase!!
As emoções são sempre o que retenho com maior facilidade – a delicia de comer um saco de cerejas por terras de Leão, o medo de me sentir perseguida durante um dia inteiro, a desonestidade de um espanhol a encurtar caminho, os amantes a sair do bosque, o medo quando quase me perdi, o apoio incansável do meu Anjo no Sabugo, a emoção inqualificável em me permitir ser ajudada, a dureza da subida do Cebreiro, o entrar numa nuvem, o encanto no topo da serra, a madrugada com os montes mergulhados nas nuvens, a vontade de te mostrar a paisagem que já conheces mas com tons quentes, o conforto dum caldo galego, o grito de liberdade, a avaliação fria de deixar amizades faceis pelo caminho, a pedra para que pessoa nenhuma me volte a escolher se não for escolhido, o respeito sempre maior por mim própria, a oração por cada alma boa que tenho a sorte de conhecer, a escuridão que não me permitia ver onde pisava, a sensação de não conseguir chegar a Samos e a Portomarin, as dores do peso nas costas, o cansaço, o susto e a angustia de ser alérgica ao sol, a sensação de dormir num mosteiro, a voz familiar e as palavras de força e carinho do Homem que eu desejo, o meu nome gritado em plena praça por aqueles que se lembraram do meu nome e ficavam alegres por me ver no final de uma jornada, o respeito pela minha opção de caminhar sozinha, a sensação que ensinei e semeei pensamentos de maturidade tal como me ensinaram a mim, o desejo ardente da minha natureza de mulher que me ajudou a chegar em cada dia, a vontade de o guardar, a necessidade do sossego e do silencio durante a noite, a impessoalidade do Monte do Gozo, a tua força para partir para Santiago e finalmente a chegada à catedral com o orgulho justo de ter chegado.
"20/06/2009 – 20:40h
O que desejavas agora miúda?"
"20/06/2009 – 20:40h
O que desejavas agora miúda?"
O Caminho dá-nos sempre o que desejamos
E deu… não podia imaginar mas deu-me a noite ao teu lado.
Não me pode dar mais 20 anos numa semana
Não pode diminuir a diferença de vida vivida
Não pode mudar o meu corpo
Haverá forma mais rapida de crescer que esta, a de aceitar as impossibilidades e limitações
Guardei a minha conversa privada e o teu Abraço a Santiago para o dia seguinte.
Dei-lhe o teu recado do encontro marcado para Dezembro… felizmente chegámos mais cedo.
Cada caminho é um caminho único, singular.
Nenhum se repete
Estamos diferentes, crescemos, estamos mais acima, mais à frente e, para mim, todos os Caminhos de Santiago serão sempre o Caminho do Auto-conhecimento, de fé em nós próprios e em Deus, por mais sabedoria que pensemos que já alcançamos.